domingo, 3 de junho de 2012

Mais uma: Vinho Light

Depois de me surpreender com o tal de Sushi wine, me deparo com mais um absurdo: o vinho Skinnygirl.  O teaser? "Apenas" 100 calorias por taça.

A bebida foi lançada em abril nos EUA pela celebridade de reality shows Bethenny Frankel, que por sinal já lançou um outro sucesso: a Skinnygirl margarita.

Elaborada por uma vinícola californiana (Winery Exchange) que produz vinhos para divesas marcas,  há três opções para não sair da linha: um Chardonnay/Pinot Grigio, um rosé Grenache/Syrah e um corte tinto de Syrah, com 12% de álcool, tudo pela bagatela de US$ 15.
O enólogo da empresa, Kurt Lorenzi, diz ter buscado produzir vinhos com estilos que atendem ao padrão da consumidora da marca Skinnygirl: mulheres nos seus 30 anos, preocupadas com saúde e bem-estar.  (Opa! Bingo!)

As uvas provêm de toda a Califórnia para garantir que o estilo dos vinhos sejam mantidos em todos os anos, independente de variações das safras (sério?).  Cerca de 200 mil caixas foram produzidas.

Disseram que os vinhos são frutados, com toque macio e um leve grau de doçura, o que os torna mais acessíveis para iniciantes (as mulheres?).  Há mais: por serem blends, não exigem conhecimento profundo sobre as uvas (das mulheres?).

Tentei controlar minha fúria em cada uma das frases que descrevem o vinho e agora, elegante como uma mulher nos seus 30 deve ser, teço algumas considerações:

  • As calorias do vinho se devem ao álcool e ao açúcar. Considerando os vinhos secos, quanto menor o teor alcóolico, menos calorias terá. Surpresa, surpresa, qualquer vinho com 12% de álcool terá a mesma quantidade de calorias, o restante, mais alcóolicos têm cerca de 120 calorias/ taça.  Vinhos de sobremesa e fortificados serão mais calóricos, mas geralmente se bebe menos (88ml = 150 cal).
  • Emagrecimento e saúde, principalmente, no que diz respeito a alimentação têm menos a ver com calorias do que com hábitos e escolhas saudáveis (sugiro a leitura de "As mulheres francesas não engordam", tão fútil e cheio de clichês quanto a proposta, mas mais sensato).  Se a recomendação é beber uma taça por dia, a economia de 20 calorias não fará diferença.
  • Presume-se que todas as mulheres são iniciantes na arte do vinho (apesar dos 30 anos), incapazes de entender as variedades de uvas e querem vinhos simples e adocicados.  Conheço muito homem que preenche esse perfil. O conhecimento do vinho já intimida o bastante e o lançamento dessa marca apenas colabora para incentivar os maus estereótipos ainda sobreviventes sobre mulheres e vinho.

É mais uma tentativa de explorar a dificuldade dos consumidores diante de tantos rótulos e variedades.  Não pode ser sério...

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