terça-feira, 22 de maio de 2012

Falanghina, muito prazer!

Da série "harmonizando o sushi", dessa vez o teste foi com a menos conhecida Falanghina.  Ótima opção para você que se cansou de Pinot Grigio, cá entre nós, "so last season"!

A Falanghina, uva da região de Campania, na Itália, produz vinhos brancos de corpo leve, com acidez vibrante e bons níveis alcóolicos.  Graças ao solo vulcânico da região, os vinhos também apresentam caráter mineral. Os aromas em geral remontam a maçãs, peras, especiarias leves e baunilha.

Apesar de ter sua origem na antiguidade (acredita-se que seus vinhos foram trazidos pelos gregos por volta do século 7 a.c. e que também era matéria-prima do vinho de Falerno, caro e famoso nos arredores de Roma há uns dois milênios atrás), foi apenas nos anos 80 que voltou a despertar interesse e apenas em 1990 que a província de Benevento conseguiu provar que a cepa fazia realmente parte de sua história.

Muito do seu esquecimento se deve, adivinhe, à filoxera. Em 1970, a família Martusciello descobriu umas vinhas antigas que resistiram à destruição e começaram o árduo trabalho para recuperá-las. Uma curiosidade: diferenças sutis nos vinhos produzidos com Falanghina em áreas diferentes da Itália sugeriram a existência de uvas distintas, confirmada com testes de DNA que identificaram a Falanghina Flegrea da área de Campi Flegrei, perto de Nápoles, e a Falanghina Beneventana, mais ao norte, perto de Benevento.

Na boa, "diferenças sutis" em "áreas diferentes" não poderiam simplesmente ser em razão do que se chama terroir?  Ah, os vinhos italianos...

Enfim, dizem que a Falanghina Flegrea produz vinhos frescos e minerais na região de Campi Flegrei e outros mais picantes na região de Caserta, onde a uva é conhecida como Falerna.  A Falanghina Beneventana, por sua vez, produz vinhos mais encorpados e mais alcóolicos, que ressaltam as características da própria uva.

As DOCs que produzem varietais da Falanghina Beneventana são Guardiolo, Sannio, Sant’Agata dei Goti e Taburno.  Para vinhos doces (passito), Solopaca e Taburno, e para espumantes: Solopaca, Guardiolo, Sannio e Taburno.  As regras exigem que os varietais contenham ao menos 85% Falanghina

De forma geral, é uma confusão, essa uva tem mil nomes, as DOCs na Itália são mesmo complicadas de entender, então vamos ao que interessa!


Sobre o vinho:
Produtor: Fattoria La Rivolta
Importador: Tahaa
DOC: Taburno
Álcool: 13,5%
Ano: 2010
Preço: R$ 111,00 (comprei por R$ 68,00 em um clube de compras)

Localizada no sul da Itália, a propriedade da Fattoria La Rivolta se estende por um terreno montanhoso e de solo de argila e calcário, totalizando 29 hectares de plantio. Desde 1997 as uvas são cultivadas utilizando métodos biológicos, especialmente certificados, em variedades de cepas típicas do sul, como Aglianico, Falanghina e Fiano.

Notas do importador:
De corpo leve, apresenta aromas de frutos brancos, como maçãs frescas, e um fundo mineral muito sutil. Bom frescor e persistência.
Sugestão de harmonização: Papillote de peixe branco recheado com tomates e cebola triturado, finalizado com azeite de limão.

Minhas impressões:
Esperava um vinho bem simples e frutado apenas.  Encontrei aromas florais, raspas de limão (será que era para ser maçã?), mel e me surpreendi, após algum tempo no copo, com notas minerais bem discretas.  Fresco e final persistente de baunilha.  Se eu tivesse lido as notas do importador antes, já saberia que poderia esperar por esse toque mineral e teria aberto a garrafa com 15 minutos de antecedência!

Com a culinária japonesa: harmonização interessante com o sunomono e com os sashimis de peixe branco.  O tataki de salmão se saiu um pouco pesado para o vinho, mas os sushis e sashimis de salmão se saíram bem, não tão bem quanto o Riesling...

4 comentários:

  1. Olá!

    Muito bacana seu blog, continue com o trabalho.

    Qto ao vinho, já o havia provado em uma safra mais antiga, e não sei se pela evolução, os aromas minerais já não estavam tão presentes. Mas achei o vinho bem interessante, até um pouco mais encorpado do que os brancos tradicionais (vide o Pinot Grigio que vc mencionou).

    Enfim, vale a aposta e a descoberta!

    Abraços,

    Victor
    www.balaiodovictor.com

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  2. Obrigada, Victor.
    Vi seu post sobre o Falanghina 2006 e achei muito diferente mesmo. No site da vinícola não há informações sobre safras antigas para que pudéssemos comparar os processos de elaboração...
    Enfim, encontrei algo que pode explicar a diferença dos vinhos: em 2009, foi contratado um novo enólogo/consultor para a cantina!
    Abs,
    Sabrina

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  3. Tomei hoje harmonizado com um robalo frito. Beleza de acidez, muta fruta, maçã e maracaju. Também achei a mineralidade relatada por ti. Gostei, desse meu primeiro Falanghina.
    Marco Aurélio

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  4. Oi Pessoal... este Produtor faz também um excelente Aglianico.. vale experimentar!

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